Relato de Denise Santiago, diretora da Cia Eco, apaixonada pelas experiências no Brasil
Recentemente esteve na ilha.
“A ilha está realmente conseguindo executar todos os protocolos necessários e, por isso, lá você se sente muito seguro. O controle de uso de máscara é rígido, a higienização das estruturas do parque é constante. As pousadas e restaurantes que trabalhamos estão treinados e adequados aos cuidados. Além disso, Noronha sempre foi um destino sem tumultos, bastante tranquilo e de contato próximo com a natureza. E, neste momento em que a malha aérea está reduzida, é um privilégio conhecer a ilha e tê-la quase que só para você. É uma viagem tranquila, segura e recompensadora.”

Erguendo-se do fundo do oceano, uma montanha subaquática emerge do mar turquesa, culminando em um pico de basalto cinza acidentado. Em sua volta, uma espessa vegetação verde lhe cobre os ombros. É essa a visão que tenho quando chego em Fernando de Noronha, patrimônio natural da Humanidade da Unesco, santuário de tartarugas marinhas e golfinhos e lar de dias repletos de calmaria. Para além das belíssimas praias, guardo na lembrança as experiências que estar lá me proporcionou.

Fernando de Noronha é como desacelerar o tempo. Sem construção nas praias, sem condomínios ou grandes hotéis (apenas pousadas), sem o uso de protetor solar em certas piscinas naturais, sem nadar com golfinhos, sem pescar em profundidades de menos de 50 metros. As exigências são o que fazem o arquipélago se manter em sua natureza bruta e sua essência simples.
Em minhas viagens ao arquipélago, me permito perder nos detalhes e no afeto – que está presente em tudo que é cultivado ali, do turismo ao cuidado com os bens naturais. E, acredito, que é durante momentos simples, como uma caminhada, que o singelo salta aos olhos e podemos compreender a grandiosidade desses detalhes.
Eu costumo realizar o percurso completo pela trilha do Atalaia: tanto a caminhada curta quanto a longa. Na trilha curta, segue-se por um caminho tranquilo, de cerca de 30 minutos, até chegar nas belas piscinas naturais, onde é possível mergulhar, lado a lado com a biodiversidade aquática local. Com meu snorkel, em mergulho livre, observo peixes de diversos tamanhos e, ao fundo, a areia branca de coral mesclada com rocha vulcânica negra.
Para os mais animados, indico o percurso da trilha longa do Atalaia -, sobe-se por curvas que acompanham as subidas e descidas dos morros. Lá de cima, a vista é para o oceano – o lado aberto do mar, voltado para a costa africana -, o que proporciona um visual completamente diferente das praias do mar de dentro, voltado para o continente.
A experiência de seguir os contornos de Noronha com o peito aberto para o resto do mundo enche os olhos e o coração. No meio da trilha e com um visual de tirar o fôlego, curtimos um gostoso piquenique em um cantinho mais deserto do percurso – um momento simples e único que permite reconectar com a natureza.
Pelas águas
Depois de conhecer a vida terrestre tão bela de Noronha, se permitir imergir na vida subaquática é igualmente surpreendente. Em um grupo de amigos, realizar um passeio de catamarã privativo – com snacks e bebidas, almoço delicioso e atendimento exclusivo no barco durante todo o dia – é um momento marcante.

A vista subaquática pode ser apreciada através de três tipos de mergulhos: o livre, com uso de snorkel; o batismo, primeira experiência mergulhando com cilindro, aqui o instrutor acompanha o tempo todo; e o mergulho autônomo, para aqueles que já são certificados na atividade. E mesmo para quem nunca praticou a atividade, a dica é: não perca essa experiência. Fernando de Noronha é considerado um dos melhores pontos de mergulho do mundo. Sua viagem só estará completa ao estar imerso no cenário do fundo do mar mais colorido que você já viu.
Afundando lentamente nas águas exageradamente azuis, o corpo parece tomar outras proporções – muito pequeno perto daquele infinito aquático. Paredões rochosos imensos, tartarugas gigantes e cardumes coloridos parecem seguir uma coreografia em perfeita sincronia. Mais próxima a superfície, me indicam o peixe donzela de rocas, o sargentinho , a coroca e moréias. Mais ao fundo, os cações, ariquitas, piraúna e arraias que se movimentam como borboletas. Uma natureza aquática que nunca mais será esquecida.