Uma experiência de preservação e imersão na Serra do Amolar

Para conhecer, se encantar e cuidar: a Serra do Amolar e o Instituto Homem Pantaneiro

Foto: Fred Crema

Era meados dos anos 1980 quando Ângelo Rabelo levou um tiro no ombro. O coronel reformado estava na linha de frente contra a caça que ameaçava a existência de jacarés no Pantanal quando foi atingido – ele sobreviveu, mas o piloto do barco que estava junto, não. Desde aquela época, sua luta pela preservação da vida pantaneira era parte essencial de sua vivência. 

“Quase 5 milhões de jacarés, 2 mil onças-pintadas e 3 mil araras azuis e vermelhas saíram do Pantanal para atender à demanda da moda na Europa”, afirmou Rabelo. A caça desenfreada de jacarés foi vencida em 1991, mas ele compreendia que os desafios para garantir a conservação ambiental não tinha cessado.

Foi dessa inquietude que o Instituto Homem Pantaneiro surgiu, em 2002, na cidade de Corumbá, capital do Pantanal em Mato Grosso do Sul. Hoje, mais de 20 anos depois, a organização da sociedade civil sem fins lucrativos já soma mais de 276 mil hectares do bioma protegidos, 32 espécies monitoradas e mais de 100 voluntários ajudando a compor as ações de preservação da natureza e da cultura local.

Apagando as chamas

Foto: Andre Dib

Em 2020, quando o Pantanal sofreu um longo período de seca e atravessou meses de incêndio, foram destruídos mais de 3 milhões de hectares do bioma, de acordo com balanço do governo do Mato Grosso do Sul. Além disso, estima-se que mais de 17 milhões de animais morreram. Foi neste período que o Instituto Homem Pantaneiro criou a Brigada Alto Pantanal, composta por brigadistas que são nativos pantaneiros. Eles atuam não apenas no período crítico, quando são registrados mais focos de incêndios florestais, mas durante todo o ano.

Além da Brigada, o IHP desenvolve diariamente diversos programas para garantir a proteção e conservação das áreas. A consolidação de um corredor ecológico entre a Serra do Amolar e o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense é um deles, junto à gestão e ao monitoramento das áreas protegidas, além do apoio às políticas públicas. Em complemento, o instituto apoia e abre as portas para pesquisas científicas do Brasil e do mundo, fomentando pesquisas que esmiúçam o grau de degradação ambiental do Pantanal e exploram maneiras efetivas de seguir protegendo o território e as espécies que ali vivem.

Consciente da riqueza cultural que a região guarda há décadas, o instituto também busca a preservação e valorização desse bem. Uma das maneiras de fazer isso é o turismo sustentável, com o roteiro de viagem de sensibilização pela Serra do Amolar.

O turismo como ferramenta de preservação

Foto: Andre Dib

“Aproximar-se mais da natureza é uma maneira de cuidar e o ecoturismo proporciona essa experiência. É também por meio desse instrumento que pessoas que não vivem no território podem conhecer projetos e programas que estão em funcionamento no Pantanal e entendem o quanto o bioma é frágil e depende da dedicação e cuidado”, acredita Rabelo, hoje presidente do instituto. O turismo sustentável se encaixa nos pilares da conservação do natural e cultural pantaneiro. 

Com foco na garantia de que mais pessoas participem do movimento de conservação, o Instituto Homem Pantaneiro, em parceria com a Pure Brasil, oferece um roteiro de viagem pela Serra do Amolar, uma experiência para que mais pessoas conheçam a região, a rotina do Pantanal e assim se sensibilizem com sua preservação.

Uma experiência de corpo e alma

Foto: Andre Dib

Localizada na borda oeste do Pantanal, próxima à fronteira com a Bolívia, a Serra do Amolar é uma região ainda pouco conhecida. Ali, as paisagens se misturam: além das conhecidas áreas alagadas pantaneiras, há também montanhas, o que é um tanto incomum no bioma.

A viagem começa por Corumbá, pelos caminhos do Porto Geral, a poesia de Manoel de Barros e o som da viola de cocho. Ali é possível ter contato com a arte viva que é produzida diariamente e que conta a história da ocupação da região e da cultura pantaneira no Museu de História do Pantanal, no Memorial do Homem Pantaneiro e no Instituto Moinho Cultural. 

Nos dias seguintes, os viajantes embarcam pelo Rio Paraguai afora, conhecendo Jatobazinho, a Reserva Acurizal, a Reserva Eliezer Batista, a Trilha de Morrinhos e a Baía Gaíva. Tudo isso entre passeios fluviais em lanchas, caiaques, de bicicleta e caminhadas; áreas alagadas, de montanhas e rios cristalinos; visita a regiões com inscrições rupestres, contato próximo com a comunidade local, gastronomia típica, contação de histórias durante o belíssimo pôr-do-sol e, claro, safáris para avistagem da rica fauna pantaneira. A onça-pintada é a principal atração das saídas em busca dos animais e encontrá-la é totalmente recompensador, como conta o guia deste roteiro, Wilson Malheiros.

“A gente saiu da Acurizal às 5h, à procura de avistamento de onça. Estávamos há 3 dias (procurando). Nada. Então, eu entrei em uma entrada pequena, um corixo de uns 500 metros, com várias curvas. Em uma dessas curvas, bem na cabeceira da ponta de uma ilha, eu consegui ver a onça sentada. Eu peguei o remo e fui remando, com o barco indo o mais rápido que eu pude (remar) para gente poder pegar ela na frente, na hora que fosse cruzar em um limpo. Ela parou. E ficou olhando para nós. Essa foi a parte mais importante. Foi um dia inteiro e, graças a Deus, tivemos a recompensa de conseguir avistar essa onça-pintada. Foi uma alegria muito imensa”, conta.

Você também pode percorrer esse caminho

O roteiro pela Serra do Amolar é uma oportunidade de conhecer de maneira profunda uma região quase que intocada pela turismo. A Cia Eco trabalha em parceria com os órgãos envolvidos na elaboração da viagem, já percorreu esse caminho e recomenda a experiência a seus viajantes. Para saber mais e reservar sua vaga, fale com uma consultora especialista da CiaEco. 

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